Chuvas fortes em SP causam estragos e prejuízos em diversas regiões

Chuvas fortes em SP causam estragos e prejuízos em diversas regiões

“Cada vez que ligava para eles, diziam que vinham em um horário. Ficamos quatro dias sem luz”, disse Angela Maria Rodrigues, moradora do jardim Herculano 

As fortes chuvas da última sexta-feira (3/11) causaram grandes estragos em toda a cidade de São Paulo, especialmente nas regiões sul e oeste, que foram as mais atingidas pela tempestade.

Nesta quinta-feira, 9 de novembro, em nota oficial publicada pela ENEL, foi anunciado que o “fornecimento de energia elétrica foi restabelecido a praticamente todos os clientes impactados na última sexta-feira (3) pela forte tempestade com rajadas de vento de mais de 100km/h.”

Árvores caídas interditam vias e destroem carros 

Outro problema advindo das fortes chuvas e ventos, foram as árvores que caíram pela cidade, interditando vias e destruindo carros. Segundo nota enviada pela Secretaria Municipal das Subprefeituras, no dia 5 de novembro “foram atendidas 297 ocorrências com árvores e 476 galhos na cidade” devido às fortes chuvas da última sexta-feira (3/11) e ainda no domingo a cidade apresentava 125 pontos que precisavam de apoio da ENEL para remoção das árvores caídas.

Até a publicação desta reportagem, cerca de 14 regiões da cidade ainda estavam sem energia elétrica, segundo dados da ENEL. Campo Limpo, Vila Mariana, Pinheiros, São Miguel Paulista e Perus são alguns exemplos disso.

Pessoas afetadas

Ingrid Rodrigues da Silva, de 21 anos, reside em Paraisópolis e teve sua casa completamente destruída devido às chuvas e ventos intensos. Ela morava com sua filha e seu marido em uma casa alugada. A família perdeu móveis, incluindo guarda-roupa, TV, cama e micro-ondas.

No momento em que a chuva iniciou, Ingrid estava se arrumando para ir trabalhar. Quando percebeu o que estava acontecendo, pegou um saco de lixo preto e começou a guardar suas roupas. “Consegui salvar o guarda-roupa da minha filha e algumas roupas.”

Apesar de o casal ainda não ter calculado o prejuízo financeiro causado pela chuva, os traumas emocionais foram significativos. “Eu não consigo mais ir até lá (a casa), meu marido vai. Acho que fiquei com um trauma muito grande”, desabafou, emocionada. “Não vamos mais voltar para lá, mesmo depois de a proprietária consertar. Não quero mais voltar para lá.”

A família está temporariamente hospedada na casa da avó de Natan, marido de Ingrid. “Minhas coisas foram afetadas, as coisas que conquistei com o meu suor, coisas simples como relógio e espelho.”

Ela explicou ainda que a casa possui dois andares, sendo que somente a parte de cima foi prejudicada. Os eletrodomésticos da cozinha, como fogão e geladeira, não sofreram danos. A família está dependendo de doações de amigos e familiares. “Minha mãe lava as roupas, minha sogra também ajuda. Quando alguém nos oferece almoço, vemos o que precisamos.”

No Parque Santo Antônio, também na zona sul da cidade de São Paulo, Claudia Aparecida de Souza Conceição, 33 anos, também enfrentou danos causados pelas chuvas. A educadora social e Yalorixá teve seu telhado completamente destruído pelos fortes ventos e chuvas.

“Uma telha da minha casa foi arrancada e caiu sobre as outras, quebrando várias delas, resultando em muita água dentro de minha casa. Liguei para meu marido, que estava no trabalho, e ele foi para casa, mas no caminho, a roda do carro bateu em um galho de árvore que havia caído”, relatou ela.

Apesar de Claudia ter perdido o telhado e ter arcado com um prejuízo de cerca de R$4 mil devido às telhas danificadas e aproximadamente R$200 pelo pneu do carro, ela considera-se sortuda por ter conseguido salvar os eletrodomésticos.

Ela também perdeu os alimentos da geladeira, pois ficou mais de 24 horas sem energia. A família recebeu auxílio de amigos e vizinhos, que ajudaram a consertar o telhado para evitar mais perdas. Eles moram em uma pequena casa de três cômodos, sendo que o quarto dos dois filhos foi a área mais afetada.

Claudia precisou pedir um empréstimo para conseguir consertar a casa, mas mesmo com esses ajustes mais urgentes, a casa precisa de reparos, como o forro que foi danificado com as chuvas, mas eles ainda não tem previsão para conserto. 

No jardim Herculano, zona sul da capital, a dona de casa Angela Maria Rodrigues, 60 anos, relatou que perdeu comida e que enfrentou dificuldades com a falta de energia. O esposo dela é cadeirante e precisa de cuidados, eles tiveram que tomar banho gelado durante o período sem luz. 

Apesar de não ter prejuízos físicos na casa e ter ficado “apenas” sem luz, Angela relatou que a pior parte era a falta de comunicação da ENEL durante esses dias sem energia. “Cada vez que ligava para eles, diziam que vinham em um horário. Ficamos quatro dias sem luz”, explicou. A energia acabou na sexta-feira (3/11) e só retornou na segunda-feira (7/11) às 23h.  

Divulgação/ENEL