Lendas urbanas deixam pais e filhos aflitos e causam prejuízos em SP


No Jornal Hoje 05/05/2010

História de sequestrador de crianças tira o sono de moradores na Zona Sul.
Segundo pesquisador, histórias surgem do imaginário popular.

A história de um sequestrador de crianças que trafega num carro preto na Zona Sul de São Paulo vem tirando o sono de paulistanos. Considerado uma lenda urbana, esse boato afeta diretamente a rotina de pais e filhos. Segundo a Polícia Civil, nunca foi feito nenhum boletim de ocorrência desse tipo de sequestro na região.
A desempregada Maria Luiza Isaias da Silva é uma das que ficou assustada com o boato. “Ele corre, ele chega em casa assustado [quando vê um carro preto].” A dona de casa Maria da Gloria Alves de Andrade afirma estar com medo dos supostos sequestros. “Só que eu não posso deixar o medo me vencer. Eu tenho que tomar cuidado, eu tenho que levar minha filha para a escola, vou buscar.”
A criançada também está apreensiva. “De noite, tenho medo de passar no meio dos becos”, disse Rafael Martins Rocha, de 13 anos.
Segundo o presidente da União de Moradores de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, não há motivo para pânico. “Uma história que foi criada, que tomou uma proporção maior e que as pessoas acabam acreditando que é verdade. Mas, na verdade, não existe carro preto, não existe sequestrado.”
As lendas urbanas sempre começam com um boato e são passadas para frente. O fato é que nenhuma dessas histórias foi confirmada até agora.
Esses boatos também se espalham na internet. Uma mensagem alerta sobre assaltos nos cinemas dos shoppings: um grupo de rapazes fica próximo à porta e, poucos minutos depois, um rapaz saca um revólver dizendo que é um assalto.
Uma outra mensagem que circula em Sorocaba, a 99 km de São Paulo, diz que um banco de olhos joga no lixo as córneas não utilizadas. O boato foi tão grande que o hospital precisou montar uma central de atendimento para desmentir o comunicado.
Segundo o pesquisador de cultura popular Carlos Renato Lopes, essas histórias surgem do imaginário popular. “Muitas vezes são fatos concretos que adquirem uma estatura de lenda. Ela vai se repetindo, se transformado.” Para o especialista, as pessoas devem permanecer calmas. “Isso não precisa fazer mudar nossa rotina, fazer mudar nossos hábitos.”

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