IBGE divulga levantamento impreciso sobre população de Paraisópolis

Outras comunidades, como Rocinha e Heliópolis, também desclassificaram os números
Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geração de Estatística (IBGE) sobre a população de moradores de favelas estão longe da realidade brasileira.
O levantamento “Aglomerados Subnormais – Primeiros Resultados”, baseado em informações do Censo Demográfico 2010, divulgado na quarta-feira (21) aponta, por exemplo, que a população de Paraisópolis é de 42.826 habitantes.
Entretanto a pesquisa apresentada exclui as microrregiões do Grotão, Fazendinha e Brejo, além do entorno do Campo do Palmeirinha, que juntas somam quase metade dos domicílios da nossa comunidade. A pesquisa coloca essas regiões de Paraisópolis como Panorama I (Brejo) e Panorama II (Grotão + Fazendinha), com populações de 2.929 e 9.944 respectivamente. Somando-se Paraisópolis + Panorama I + Panorama II chegamos uma população de 55.699 moradores em 16.827 domicílios. Se considerarmos Paraisópolis como uma cidade com esses dados do IBGE, ela seria a 114ª entre 645 cidades paulistas em população.
“A divulgação de informação populacional incorreta pode acarretar vários problemas para as comunidades, a começar pela elaboração de políticas públicas, que leva em conta as estatísticas oficiais” disse Joildo Santos – Vice-presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis
Segundo diferentes estimativas das entidades locais, a população de Paraisópolis é estimada entre 80 e 100 mil habitantes. Número totalmente diferente do apresentado no levantamento.
Este não é um caso isolado. Algumas das maiores comunidades do Brasil, Rocinha e Heliópolis, também tiveram seus números desclassificados. Segundo o IBGE, ao invés de 125 mil habitantes, a Rocinha do Rio, tem quase 70 mil e, Heliópolis, 41 mil.
Um breve levantamento apontou outros possíveis erros realizados. No caso de Paraisópolis, além das regiões não contabilizadas, muitos moradores de vielas apontaram que não foram visitados pelo Censo 2010. Na realidade, os recenseadores não adentraram à comunidade, determinando com precisão quantos moradores residem em cada domicílio.
Outra questão, apontada inclusive pelo IBGE demonstra a deficiência da pesquisa. “O IBGE diz ainda que no Censo 2010 há a possibilidade de que algumas comunidades possam ser maiores do que os números indicam, já que foram utilizados critérios técnicos com base em cadastros da prefeitura, como divisão legal, e em várias áreas da cidades estes dados podem estar defasados”, aponta reportagem do portal R7.

Mapa divulgado no site do IBGE

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