Preço do aluguel nas favelas de São Paulo tem aumento de até 900%


Do Jornal Hoje

Na favela Paraisópolis, é nítida a diferença na aparência dos imóveis de famílias de maior e menor renda. A alta no preço dos aluguéis, tem levado famílias a deixar a comunidade.
Graziela Azevedo
São Paulo

O preço dos aluguéis em São Paulo subiu quase 14% nos últimos 12 meses. O valor é alto, já que a inflação foi de 5% no mesmo período. Nas favelas o aumento é ainda maior e chegou a subir até 900%.
Há 30 anos, um barraco de madeira era alugado pelo equivalente a R$ 50 na favela Paraisópolis. Hoje, a situação é bem diferente e há casas sendo alugadas por até R$ 700. “Esta casa de R$ 700, há dois anos, custaria R$ 300”, afirma Helena Santos, corretora na região há 32 anos e moradora há 50.
A diferença na aparência dos imóveis de famílias de maior e menor renda é evidente e gritante.
Agora, o ritmo dos aumentos nos preços dos aluguéis também. Enquanto nas áreas mais ricas eles subiram cerca de 13%, em um ano, na favela de Paraisópolis chega a 900%.
A favela fica no Morumbi, bairro nobre e bem localizado na zona sul de S. Além disso, a região vem sendo reurbanizada, tem postos de saúde e em, breve, terá um metrô. As melhorias puxam os preços para cima, como aconteceu nas favelas do Rio de Janeiro que ganharam obras e polícia pacificadora.
“Isso tem um efeito chamado substituição de moradores. Pessoas de baixa renda não conseguem arcar com o aumento do aluguel ou prestações e acabam repassando a moradia para quem tem melhor condição econômica”, explica Kazuo Nakano, urbanista.
Tanto para o urbanista, como para o líder comunitário Gilson Rodrigues, as melhorias são positivas, mas tem que ser para todos. “Existem famílias que estão deixando a comunidade porque não tem condições de pagar aluguel e sustentar uma família, com dois, três filhos”, afirma Gilson.
“É importante haver uma política de banco de terras públicas, para que a prefeitura possa construir parques habitacionais, que sejam ofertados com aluguel subsidiados para famílias de baixa redá, estudantes, jovens casais, que tenham interesse em morar em locais integrados à cidade”, completa Kazuo.

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