
Mestre Damasceno, nome artístico de Damasceno Gregório dos Santos, faleceu aos 71 anos em Belém, no Dia Municipal do Carimbó. Reconhecido como uma das maiores lideranças culturais do Marajó, ele lutava contra um câncer em estágio avançado, além de complicações de pneumonia e insuficiência renal. O Estado do Pará decretou luto oficial, e seu velório foi realizado no Museu do Estado do Pará. Em vida, Damasceno foi homenageado na Feira Pan-Amazônica do Livro e agraciado com a Ordem do Mérito Cultural, a mais alta honraria do Ministério da Cultura.
Nascido na Comunidade Quilombola do Salvá, em Salvaterra, Damasceno perdeu a visão aos 19 anos, mas reinventou sua vida através da arte. Tornou-se referência em expressões culturais como o carimbó, a poesia oral e o Búfalo-Bumbá, somando mais de 400 composições e seis álbuns. Sua obra é marcada pelo fortalecimento da cultura quilombola e marajoara, com iniciativas como o Conjunto de Carimbó Nativos Marajoara e o Festival de Boi-Bumbá de Salvaterra.
A atuação de Mestre Damasceno foi fundamental para a preservação e renovação das tradições amazônicas. Com inúmeros títulos e reconhecimentos, incluindo do IPHAN, ele se tornou símbolo da resistência cultural do Norte do Brasil. Sua composição “A mina é cocoriô!” foi escolhida como samba-enredo da Grande Rio para o carnaval de 2025, coroando sua trajetória como artista e ícone da cultura popular brasileira.