Apesar de uma curta carreira, o trabalho do rapper inspirou e ainda inspira muitos jovens moradores de favelas e periferias brasileiras.
Nesta terça-feira (24), o rap nacional relembra a morte de um de seus maiores representantes. Mauro Mateus dos Santos, conhecido como Sabotage, foi um fenômeno do rap nacional, além de também ter trabalhado nas telas do cinema nos filmes “O Invasor” de 2001 e “Carandiru” de 2003. Porém, nem o sucesso do jovem negro morador de favela foi suficiente para tirá-lo do ciclo de violência. Na madrugada de 24 de janeiro de 2003, às 5h50, quatro tiros tiraram a vida do artista que deixou esposa e três filhos.
Dois anos depois, a polícia indiciou Sirlei Menezes da Silva (37), conhecido como Derlei, um traficante que controlava a venda de drogas na favela da Paz, em Interlagos, como autor do assassinato do artista.
Com apenas 29 anos de vida, Sabotage teve uma carreira curta, mas que marcou o rap e a música no Brasil. Suas letras denunciavam a miséria, a violência e o racismo que ele conheceu de perto na favela do Canão, Zona Sul de São Paulo, onde cresceu.
Desde criança, já tinha amor pela música, sempre andava com um caderno para escrever suas letras. Mas na adolescência se envolveu com o crime e o tráfico de drogas em sua comunidade e acabou passando a adolescência interno na antiga FEBEM (atual Fundação Casa).
Nos anos 1988 e 1989 participou de concursos de rap e logo em seguida passou a participar de shows, como do grupo RZO (Rapaziada Zona Oeste), e também em vários clipes, ganhando destaque no mundo da música. Em 2000 Sabotage gravou seu primeiro e único álbum de estúdio, que tem o nome “Rap é Compromisso”.
No filme, “O Invasor”, Sabotage participou da trilha sonora com cinco músicas, além de ter sido consultor sobre a cultura da periferia e atuando como ele mesmo. Já no filme “Carandiru”, interpretou o personagem “Fuinha” e gravou uma das músicas da trilha sonora. Em 2002, o rapper ganhou na categoria “artista revelação” no prêmio Hutúz, um dos mais importantes da cena hip hop.
Mesmo após 20 anos de sua morte, Sabotage segue sendo lembrado por aqueles que dividiam o palco como os colegas do RZO e Racionais MC’s. Não só seus antigos parceiros de rimas, mas também as novas gerações, os rappers carregam a mensagem de seu legado de que “o rap é compromisso” como vemos nas batalhas de rima e slams de várias periferias da cidade.