Paraisópolis reivindica construção de hospital


SILVÉRIO MORAIS no Diário de SP

Nova AMA será importante, mas comunidade acredita complexo de saúde não supre a carência nesta região
Moradora há mais de três décadas da favela de Paraisópolis, na Vila Andrade, Zona Sul, a dona de casa Neuza Maria da Silva, 45 anos, precisa pegar duas conduções e ir até o Hospital Municipal de Campo Limpo quando sofre alguma emergência médica. O trajeto de cinco quilômetros é o mesmo percorrido pela maioria dos 100 mil habitantes da comunidade, que não tem hospital.
“Sentimos muita falta de um pronto-socorro e lugar para fazer exames com rapidez”, diz Neuza. O desejo é o mesmo da maioria da população local. “Essa é nossa principal bandeira. Já reivindicamos um hospital à Prefeitura, ao governo do estado e até à presidente, mas falta vontade política”, fala o presidente da União dos Moradores de Paraisópolis, Gilson Rodrigues. A entidade obteve 12 mil adesões num abaixo-assinado pedindo um hospital.
O líder comunitário observa que a favela é carente na área da saúde em todos os tipos de atendimento. Ele reclama da demora para a entrega do complexo construído na nova Avenida Perimetral, com a terceira UBS da comunidade, uma AMA (Assistência Médica Ambulatorial) e um Caps (Centro de Atenção Psicossocial).
Dos três prédios concluídos, só o da UBS está funcionando, desde a semana passada, com seis equipes de ESF (Estratégia Saúde da Família). A odontologia ainda não está atendendo. Neuza da Silva e a irmã Virginia da Silva Oliveira, 42, professora, foram ontem pela primeira vez à nova UBS  e também reclamaram da demora para a entrega do complexo, principalmente devido à necessidade da AMA. “Espero que inaugurem logo e tenha médico suficiente”, cobra Virginia. O presidente da União dos Moradores reconhece que a AMA será importante para diminuir a carência de atendimento médico, mas não exclui a necessidade de um hospital, com diferentes especialistas, leitos de internação e maternidade.
Casos graves
Sem projeto para um hospital em Paraisópolis, a comunidade deverá continuar tendo o de Campo Limpo como referência para casos mais graves, conforme a Coordenadoria Regional de Saúde Sul. O órgão justifica que, de acordo com o Censo 2010, o distrito de Vila Andrade tem 127.015 habitantes e mais de 60% não é  dependente do SUS (Sistema Único de Saúde), segundo estimativas.
O órgão municipal  destaca que Paraisópolis tem 100% de cobertura da ESF com as três UBSs, que oferecem consultas médicas, atendimento de enfermagem, vacinação, curativos, medicação, coleta de exames laboratoriais, entre outros serviços. O Caps  e a AMA Paraisópolis serão 24 horas e devem ser abertos até o final deste ano.

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