Por Mayara Penina e Vagner de Alencar, para o Blog Mural da Folha.com
Há cerca de seis anos, o trânsito em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, começou a se intensificar e fugir do controle. Um dos fatores foi o aumento do número de proprietários de veículos, impulsionado pelas facilidades em adquirir um carro.
O aumento da população também contribuiu. Segundo dados de 2010 do IBGE, a região dos bairros Morumbi e Vila Andrade cresceu 73% nos últimos dois anos. “Tudo isso aconteceu sem planejamento urbano e o transporte acabou não acompanhando o crescimento. As linhas de ônibus não aumentaram apesar da demanda latente”, conta Gilson Rodrigues, presidente da Associação de Moradores de Paraisópolis.
Por vários anos, a comunidade improvisou o transporte com vans ilegais e até hoje não há a possibilidade dos ônibus trafegarem dentro do bairro.
Depois da notícia de que o Estádio do Morumbi não sediaria a Copa de Mundo de 2014, o então Governador de São Paulo, Alberto Goldman, anunciou que a construção da Linha 17 – Ouro não seria mais prioridade.
Segundo Gilson, por conta da pressão da imprensa e uma audiência pública na Assembléia Legislativa, além de uma carta aberta ao governador, foi assinado convênio entre o Governo do Estado de SP e a Prefeitura de SP em 30 de Junho.
Moradores da Vila Inah entraram na Justiça para tentar impedir a obra, alegando que o projeto iria destruir a paisagem da cidade, mas a corte paulista cassou a liminar favorável à Associação Sociedade dos Amigos de Vila Inah (Saviah).
“O metrô e as novas linhas de ônibus que chegarão vão possibilitar a integração do bairro à cidade. Isso vai criar mais oportunidades de acesso à educação e a atividades culturais, por exemplo”, comemora Gilson.
No último sábado, Dirlei Engels, 36, moradora de Paraisópolis, acompanhou a assinatura do contrato da nova linha 17-Ouro do metrô. A linha será um monotrilho e fará a ligação do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, com a rede metroferroviária.
Recém-chegada de Santa Catarina, a moradora conta o percurso que fez no dia em que foi buscar sua mãe na Estação Rodoviária do Tietê.
Sem conhecer bem a região, Dirlei fez três baldeações e gastou em torno de três horas para chegar até a estação Portuguesa-Tietê. Se usasse o novo sistema de monotrilho, a catarinense gastaria menos de uma hora. “Com certeza vai melhor muito”, afirma.
A babá Rute Maria da Silva não está tão otimista assim. “Não acredito que o metrô vá chegar até aqui. Tem dias que pego essas ‘peruas’ e não dá nem pra tirar o pé do lugar”, diz.
Segundo Sérgio Avelleda, presidente do metrô, nenhum imóvel da comunidade será desapropriado. A linha 17 – Ouro terá 18 quilômetros de extensão e 18 estações, prevista para ficar pronta até 2015. Em torno de 250 mil passageiros vão utilizar o novo meio de transporte. O investimento estimado para é de R$ 3,1 bilhões.
Mayara Penina, 20, é correspondente comunitária de Paraisópolis.
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Vagner de Alencar, 24, é correspondente comunitário de Paraisópolis.
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