Em São Paulo, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP), os casos de feminicídio lideram as estatísticas no Brasil
Todos os dias, sem exceção, o país testemunha a perda de mulheres para o feminicídio. Essa realidade é amplamente reconhecida, no entanto, parece que se tornou tão comum que só é considerada digna de destaque nos telejornais. Parece que a sociedade se acostumou tanto com essa tragédia que, se não fosse mencionada, seria como se não existisse. No ano passado, registrou-se uma redução modesta nos casos de feminicídio, mas o número ainda é alarmante: quatro mulheres são vítimas desse tipo de crime todos os dias, conforme dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A Lei Maria da Penha representou um avanço significativo no combate à violência contra as mulheres, com especialistas em segurança pública reconhecendo o progresso nas estratégias de enfrentamento desde sua promulgação. As vítimas agora contam com proteção legal garantida, e as redes de apoio foram reforçadas com serviços de assistência psicológica e social, visando ajudá-las a romper o ciclo de violência. No entanto, persiste um desafio significativo: incentivar um maior número de mulheres a buscar ajuda antes que situações mais graves ocorram.
Infelizmente, a Lei não pôde evitar a tragédia de Amanda Gaspar dos Santos, de 43 anos, residente em Paraisópolis, zona sul de São Paulo. Na última semana, seu companheiro, Douglas Lopes Azevedo, de 43 anos, foi preso após assassiná-la e ocultar seu corpo em uma caixa contendo cloro, cimento e água.
Segundo relatos de uma vizinha do casal, Maria Conceição, apesar de residirem na comunidade há cerca de 7 anos, Amanda e Douglas não eram próximos dos demais moradores e raramente recebiam visitas. Maria revelou que só descobriu o nome verdadeiro de Amanda recentemente, pois a conhecia apenas pelo apelido de “Morena”. Além disso, ela observou que Douglas controlava até mesmo o WhatsApp de Amanda, pois ela recebia mensagens, mas não respondia.
De acordo com informações veiculadas pelo Metrópoles, havia pelo menos 4 registros oficiais denunciando Douglas por violência física e verbal contra sua parceira. Apesar das denúncias, o casal permanecia junto, gerenciando uma pastelaria desde 2020 e compartilhando fotos nas redes sociais onde aparentavam felicidade, o que contrastava profundamente com a realidade de tensão que viviam no ambiente doméstico.
Em São Paulo, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP), os casos de feminicídio lideram as estatísticas no Brasil. Em 2023, foram registrados 221 desses crimes, sendo dezembro o mês mais alarmante, com 26 casos de feminicídio.
Além disso, foram reportadas 619 tentativas de homicídio contra mulheres no último ano, quase o dobro do registrado em 2022, quando foram contabilizados 399 casos. É crucial diferenciar a tentativa de homicídio do feminicídio, sendo este último caracterizado por assassinatos motivados por ódio às mulheres, muitas vezes associados à violência doméstica.
Esses dados revelam que o índice de feminicídios em São Paulo atingiu seu ponto mais alto em seis anos, desde que as estatísticas começaram a ser divulgadas separadamente dos demais casos de homicídio, em 2018.