Visível ou invisível?

Visível ou invisível?

Há algumas, muitas décadas, tempo demais, vivemos no mundo do junta. Juntando coisas, juntando seguidores, juntando casas, carros, curtidas, juntando dinheiro. E devagarinho esse estilo de vida foi tornando esse mundo indiferente ao que acontece na vida real, nas esquinas, nas comunidades, fora do nosso campo de visão. Quanto mais tentamos nos tornar visiveis, postando tantas vitórias, compartilhando tanto sucesso, buscando likes, comentários e reconhecimento pra tudo aquilo que a gente junta, mais vamos tornando invisiveis um monte de coisas importantes à nossa volta.

Pessoas, problemas, dificuldades, situações que poderiam ser facilmente resolvidas se estivessemos alertas, acordados, prestando atenção. Afinal, qual é o real valor de acumular tanta experiência, referência, contatos, relacionamentos, informação, se não for pra transformar isso em algo positivo, que faça o mundo andar pra frente e ficar algo melhor?

A proposta é sair um pouco do “modo junta” e mudar a chavinha para o “modo espalha”. Porque como disse o outro, no final das contas, não somos o que a gente junta, somos o que a gente espalha. Somos o que ensinamos, o que compartilhamos (pra além de posts e stories), o que dividimos, passamos pra frente, distribuimos, fazemos chegar.

Sim, fazer chegar a outros o que criamos, produzimos, sabemos e conquistamos também é um modo de alcançar. Como? Participando de outros corres e outros juntas, de projetos com significado, tomando o partido de outros, conhecendo outros lugares de fala, ampliando nossos horizontes, usando nossa voz e nosso alcance pra amplificar as mensagens certas, formando e mantendo redes verdadeiramente sociais. 

Na minha cidade tem um projeto de verdade que é posível apoiar, sem grande esforço. No meu bairro tem alguém com uma história de verdade, que adoraria saber o que eu sei. Na minha rua tem algumas vidas que eu poderia mudar com uma mensagem, um tweet, uma ligação. Entrar nesse modo talvez não seja fácil de início, mas uma vez que a gente chega lá é o melhor dos mundos. Pra quem chega e para os que conhecemos pelo caminho. 

Porque é visível a diferença que é possível fazer, nas menores coisas. A indiferença é que é invisivel. Começar a espalhar o que juntamos, o que temos, o que sabemos fazer, os contatos capazes de fazer acontecer? Ou juntar os pedaços pra começar do zero aquilo que se costumava chamar de sociedade?

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